Embalagens já consideradas ecológicas podem melhorar

A prova disso é a nova linha de garrafas de vidro Ecova

07/08/2010

A garrafa de vidro (principalmente a retornável) é considerada uma das embalagens mais ecológicas para bebidas, principalmente por ser totalmente reciclável. Como desvantagem, porém, é pesada, o que gera uma dificuldade logística, além de aumentar as emissões de gases geradores de efeito estufa e poluição atmosférica de uma forma geral, em virtude do transporte.

Mas será que há como tornar esse tipo de embalagem mais ecológica? Pelo jeito sempre há como. A indústria de vidro vem desenvolvendo técnicas de redução de peso, apostando na diminuição de insumos para fabricação de garrafas mais leves, mas que tenham a mesma resistência das garrafas tradicionais.

Com essa leveza a mesma funcionalidade, consumindo menos energia e material, a Verallia (ex Saint Gobain Embalagens) acaba de anunciar a linha Ecova, uma grande inovação na sustentabilidade da produção de garrafas para a indústria de bebidas. Não por acaso (as vinícolas são os primeiros clientes), a nova linha foi desenvolvida na França, a partir de 2007.

“O mais importante é que, no passado, era necessário mudar o desenho da garrafa para reduzir a utilização de matéria prima e, com esse processo, conseguimos manter as características”, explica Paulo Dias, gerente comercial da Verallia.

Essas embalagens, projetadas de forma ecologicamente correta, atendendo às mais exigentes normas e padrões de sustentabilidade, já em uso na França, Espanha, Portugal, Alemanha, Itália, Argentina e Chile acabam de chegar ao Brasil.

De acordo com os fabricantes, são garrafas de alta qualidade, projetadas e produzidas de forma a reduzir significativamente o impacto global sobre o meio ambiente, pois as unidades da série ecológica Ecova têm um peso significativamente menor que o das embalagens comuns, utilizando até 15% menos matéria prima.

Com essa redução de insumos na produção das garrafas da linha Ecova também é possível atingir uma redução de 15% na emissão de dióxido de carbono (CO2) durante na produção.

Reciclagem

Isso sem contar com a vantagem pré-existente de que o vidro é um material de fácil reciclagem, podendo voltar à produção de novas embalagens, substituindo totalmente o produto virgem sem perda de qualidade. A inclusão de caco de vidro no processo normal de fabricação de vidro reduz o gasto com energia e água. Para cada 10% de caco de vidro na mistura economiza-se 4% da energia necessária para a fusão nos fornos industriais e a redução de 9,5% no consumo de água, segundo informações do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre).

A coleta seletiva só começou na década de 1960, nos Estados Unidos, que hoje já contam com seis mil pontos de coleta de embalagens de vidro. No Brasil, a primeira iniciativa organizada surgiu em 1986, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Naquele ano, a Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro) lançou um programa nacional de coleta que atualmente envolve 7 milhões de pessoas em 25 cidades.

Leveza

Segundo Paulo Dias, Ecova é um conceito que pretende balizar toda a linha da Verallia, embora tenha começado pelo setor vinícola, que, no Brasil, ainda é bastante regionalizado. Com forte concentração na região serrana do sul do País, a leveza das embalagens tende a se traduzir em grande ganho logístico, ao possibilitar o aumento na quantidade de produto transportado sem implicar em aumento do peso carregado. O resultado é uma redução de 6% na emissão de poluentes e até mil unidades a mais por carregamento (um pallet extra por caminhão).

Mesmo padrão

Paulo Dias garante que, apesar da leveza, as novas garrafas Ecova possuem os mesmos padrões técnicos e qualidade estética dos demais produtos que integram o portfólio da Verallia. Além disso, atendem aos mesmos requisitos, tamanhos formas e cores exigidas pela indústria de bebidas e alimentos. “Nosso maior desafio foi manter a qualidade das embalagens, reduzindo o impacto ambiental. Para isso, analisamos toda a cadeia de desenvolvimento dos produtos – desde a matéria prima até o transporte para o consumidor final”, diz Américo Dénes, diretor geral da divisão de Embalagens na América Latina.

As garrafas ecologicamente projetadas chegaram às prateleiras do consumidor brasileiro em julho. A expectativa da Verallia é ao fim de 2010 ter uma participação das garrafas Ecova de 10% nas vendas totais e, no médio prazo (2012 ou 2013), com a extensão do conceito a outras garrafas de vinho e a outros segmentos, a no mínimo 30% das vendas. Inicialmente a família Ecova é composta por 12 garrafas para vinho, nos formatos Bordeaux e Borgonha, nos tamanhos 1.500, 750, 375 e 187 ml. As garrafas de 1.500 e 750 ml têm fechamento rolha ou rosca, enquanto as 375 e 187 ml só fechamento rosca e novas garrafas já estão em desenvolvimento.

Os primeiros clientes a utilizá-las no Brasil são Salton, Miolo, Galiotto, Cordelier, Perini e Campo Largo. Várias outras vinícolas estão finalizando testes para se adaptar à mudança (ajustes na linha, dimensionamento de caixas de papelão, etc). Segundo as informações dos fabricantes, o preço das garrafas Ecova é bem compatível e competitivo em relação às garrafas atuais, uma vez que são necessários investimentos em tecnologia, projeto, equipamentos de inspeção e qualidade para manter as mesmas características das garrafas originais. Novos produtos, não só no segmento de vinhos, estão sendo feitos baseados no novo conceito. “É um processo irreversível, que vai se expandir a outros segmentos”, diz Paulo Dias.

ATRIBUTOS

Produção: redução de 15% na emissão de dióxido de carbono (CO2)

Transporte: redução de 6% na emissão de dióxido de carbono (CO2)

Logística: é possível carregar até mil unidades a mais (um pallet extra por caminhão), em virtude da limitação de peso

Redução do peso: a tendência, com a redução do peso das garrafas, é diminuir o custo final do produto, diante da economia de matéria-prima, energia, transporte e redução nas emissões de poluentes

Reciclagem: o vidro é 100% reciclável e, na produção de novas embalagens com a utilização de cacos, há economia de energia e redução na emissão de poluentes

Ciclo produtivo: a cada 10% de caco de vidro, economiza-se 4% na energia para fusão em forno e 9,5% no consumo de água

Por: Maristela Crispim –  Repórter

Fonte : Diário do Nordeste